Nunc Dimittis Servum Tuum


Simeão, homem justo e temente a Deus, esperou longos anos pela "consolação de Israel"; mas ao ver e tomar nos seus braços o menino Jesus, sentindo realizada a profecia de que não morreria sem ver Cristo, exclama: "Agora, Senhor, despede em paz o teu servo, segundo a tua palavra" (Lucas, 2:25-32).
Simeão descobrira que há um momento para morrer (São Cipriano, De Mortalitate, 3.299,2).
Também o descobrirá, in extremis, o Duque de Bedford, Regente de França: "Now, quiet soul, depart when heaven please, / For I have seen our enemies' overthrow." (Shakespeare, Henry VI, Part 1, Act 3, Scene 2); o que faz dele um Simeão ironicamente bélico.
Já Diocleciano (lembrando-se certamente do nobre exemplo de Cincinato, que renunciara duas vezes à posição de ditador) anunciara à plebe romana que em razão do seu cansaço e fragilidade, e da necessidade de uma liderança mais enérgica, seria o primeiro Imperador romano a abdicar livremente. O que significa que nem todo o poder emudece o Simeão em nós.
T.S. Eliot reflecte em linhas sublimes sobre esse sábio crepuscular: 
"(…) 
Not for me the martyrdom, the ecstasy of thought and prayer,
Not for me the ultimate vision.
Grant me thy peace.
(And a sword shall pierce thy heart,
Thine also).
I am tired with my own life and the lives of those after me,
I am dying in my own death and the deaths of those after me.
Let thy servant depart,
Having seen thy salvation.

A Song for Simeon (1928)

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